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A castração (procedimento cirúrgico de OSH – ovariosalpingohisterectomia) consiste na remoção dos órgãos reprodutivos de uma gata.
Foi, sem dúvida, o procedimento cirúrgico que mais realizei durante minha prática clínica.
Embora entre 77-91% dos gatos de estimação nos EUA sejam submetidos a esta operação, este número pode ser enganoso.
A maioria dos gatos domesticados são castrados, mas gatos ferais ou comunitários—como aqueles que vivem em celeiros—apresentam taxas alarmantemente baixas desses procedimentos, o que evidencia a importância da castração para a saúde dos felinos.
Nesta manhã, descobri uma abordagem pioneira para a castração felina, que indica uma possível transição dos métodos cirúrgicos tradicionais para alternativas médicas inovadoras.
O que é este Procedimento Cirúrgico de Castração?
Em termos simples, a castração é um procedimento médico para esterilizar gatas, garantindo que elas não possam se reproduzir.
Nas clínicas veterinárias atuais, a castração é basicamente um procedimento cirúrgico.
E existem duas técnicas cirúrgicas principais a considerar.
Ovário-histerectomia
Este procedimento envolve a remoção tanto dos ovários quanto do útero.
É a técnica predominante na América do Norte.
Ovariectomia
Já em outras partes do mundo, especialmente na Europa, a técnica de ovariectomia é preferida. Este procedimento concentra-se exclusivamente na remoção dos ovários.
A lógica por trás desta técnica baseia-se no fato biológico de que sem os hormônios, especialmente a progesterona produzida pelos ovários, a gestação torna-se impossível.
Frequentemente escuto que o útero deve ser removido para evitar distúrbios reprodutivos. Um desses distúrbios é a piometra, uma infecção uterina que pode se tornar fatal se não for tratada rapidamente.
Vale destacar, porém, que distúrbios como a piometra são principalmente desencadeados pelo hormônio progesterona. Portanto, ao realizar apenas a ovariectomia, os riscos associados a distúrbios induzidos pela progesterona já são efetivamente reduzidos.
Ovário-histerectomia ou Ovariectomia?
Na minha opinião, no final das contas, a escolha entre os dois procedimentos cabe essencialmente à preferência do cirurgião e sua habilidade com a técnica escolhida.
Analisando a literatura científica, é interessante notar que os estudos apontam que o “vencedor” nessa comparação é, na verdade… a ovariectomia!
É notável que gatas submetidas à ovariectomia geralmente experimentam menos dor e desfrutam de uma recuperação mais rápida em comparação àquelas que passam pela ovário-histerectomia.
Novamente, no final, a decisão é do cirurgião, mas sempre considero importante saber que ambas as técnicas podem alcançar resultados semelhantes (e como você provavelmente já adivinhou, tenho minha preferida :)).
Saiba mais sobre “a regra do diestro”, uma consideração importante quando se trata de castrar fêmeas AQUI
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Explorando Alternativas Médicas à Castração Tradicional
É importante saber que os métodos cirúrgicos não são o único caminho disponível.
Existem alternativas médicas como o uso de implantes agonistas de GnRH e implantes de melatonina.
No entanto, é fundamental destacar que esses métodos proporcionam apenas um efeito temporário na fertilidade; com o tempo, a fertilidade acaba retornando.
Enquanto os implantes de melatonina têm um impacto de curto prazo e podem beneficiar principalmente os criadores, os implantes agonistas de GnRH oferecem um alívio mais prolongado, às vezes de vários anos, do comportamento de cio.
Este efeito prolongado pode ser mantido através de aplicações subsequentes dos implantes.
Existe uma extensa literatura científica que esclarece o uso e a eficácia desses implantes em felinos.
E aqui é onde as coisas ficam realmente interessantes: há um avanço notável no campo da contracepção felina: o potencial surgimento da terapia gênica como alternativa.
Um artigo recente me apresentou ao AAV9-fcMISv2, um construto de transferência genética.
Administrado através de injeção intramuscular, este construto está mostrando resultados bastante promissores nas fases iniciais de pesquisa, possivelmente inaugurando uma nova era nos métodos de controle populacional felino.
As Vantagens INQUESTIONÁVEIS da Castração de Gatas
Historicamente, os benefícios da castração de gatos foram enfatizados principalmente por razões médicas, e essa visão permanece sólida por inúmeros motivos:
Prevenção do Câncer de Mama
Uma das razões mais convincentes para castrar gatas está na prevenção do câncer de mama.
Esses tumores estão entre as principais causas de câncer em gatos não castrados. Trata-se de um distúrbio reprodutivo realmente significativo!
Com base em minhas experiências pessoais durante as consultas na faculdade de veterinária em Paris, testemunhei a natureza agressiva desses tumores… e posso garantir que não é nada agradável.
O prognóstico para felinos afetados é frequentemente desfavorável, o que mostra as consequências potencialmente graves de negligenciar essa medida preventiva.
Melhorias Comportamentais
Uma mudança perceptível observada após o procedimento de castração é a melhoria no comportamento felino.
A tendência a perambular diminui consideravelmente, reduzindo os riscos associados à vagância, como acidentes ou brigas.
Além disso, os sinais evidentes de cio desaparecem.
Curiosidade: Você sabia que uma gata no cio pode atingir níveis de barulho comparáveis ao tráfego intenso de uma cidade com suas vocalizações persistentes? Se você quer dormir em paz, esta é definitivamente uma boa razão para considerar a castração. 🙂
Aumento da Expectativa de Vida
Um estudo recente que encontrei revelou um fato impressionante sobre a longevidade felina.
Gatos castrados tendem a viver quase 10 vezes mais do que aqueles não castrados!
Este aumento significativo na expectativa de vida comprova os benefícios que o procedimento traz para a saúde.
Considerando todos esses fatores, se um gato não é destinado à reprodução, a decisão de castrá-lo se torna praticamente uma escolha evidente, na minha opinião.
Além dos benefícios médicos e comportamentais imediatos, o impacto geral na qualidade de vida e longevidade do gato torna o caso absolutamente claro.
É claro que, como em qualquer intervenção médica, é importante lembrar que sempre existem dois lados da moeda.
A castração oferece vantagens inegáveis… mas também apresenta efeitos colaterais e potenciais desvantagens que merecem atenção e compreensão.
Riscos Potenciais e Efeitos Colaterais da Castração
Embora a castração seja amplamente recomendada por seus numerosos benefícios, é igualmente importante entender as possíveis complicações associadas a esses procedimentos:
Ganho de Peso
Historicamente, esta era a principal preocupação pós-castração; e era justamente essa que eu sempre discutia com meus clientes.
É algo que realmente devemos levar em consideração, já que o número de gatos com sobrepeso e obesidade está disparando!
No entanto, é importante esclarecer que a castração não causa diretamente o ganho de peso.
Na verdade, ela cria condições que favorecem esse ganho.
Após a cirurgia, os gatos tendem a aumentar sua ingestão de alimentos em aproximadamente 20%, enquanto simultaneamente experimentam uma diminuição nas necessidades energéticas diárias em cerca de 30%.
Some a isso estudos que mostram uma redução na atividade física de até 52%, e temos a receita perfeita para o acúmulo de peso!
Alterações na Concentração de LH
O hormônio luteinizante (LH) é um componente essencial no sistema reprodutivo. É produzido pelo cérebro e sua secreção é influenciada pela presença dos ovários.
Ao remover os ovários durante a castração, esses mecanismos de feedback são claramente comprometidos.
Consequentemente, após a castração, ocorre um aumento na concentração de LH.
Um detalhe importante: níveis elevados de LH foram associados a certos distúrbios em cães, especialmente tumores.
Será que o mesmo ocorre em gatos? Ainda não sabemos com certeza… [Explorei esse tema com mais profundidade em outro blog, que você pode conferir aqui].
Preocupações com Câncer
Esse é um tema que discutimos MUITO em relação aos cães atualmente…
E dados recentes apresentados em uma conferência europeia de reprodução veterinária geraram discussões interessantes sobre a possibilidade da castração elevar o risco de cânceres específicos também em gatos.
Embora essa relação não esteja definitivamente comprovada, a possibilidade merece nossa atenção.
Impacto no Microbioma e Crescimento
Estudos demonstraram que a castração também afeta o microbioma intestinal, embora as implicações exatas dessas alterações ainda não estejam totalmente esclarecidas.
Além disso, foram observadas mudanças na velocidade de crescimento após a cirurgia. Filhotes castrados crescem mais rapidamente e ganham mais peso do que seus equivalentes não castrados, sem dúvida!
Em resumo, embora os benefícios da castração sejam substanciais, é essencial estar bem informado sobre os riscos potenciais e efeitos colaterais.
E é nesse contexto que acredito que essa técnica emergente de terapia gênica poderia trazer uma mudança revolucionária para o controle populacional felino em um futuro próximo.
AAV9-fcMISv2: O Futuro da Contracepção em Gatos?
O campo da contracepção felina está fervilhando com uma descoberta inovadora: o AAV9-fcMISv2.
Após ler este artigo recentemente publicado, fica claro que estamos prestes a revolucionar os métodos convencionais de castração.
Ainda não chegamos lá – mas estamos MUITO perto disso!
Como funciona o AAV9-fcMISv2?
O mecanismo de ação deste construto genético está centrado no Hormônio Anti-Mülleriano (conhecido como AMH).
O AMH tem ganhado cada vez mais importância no campo da reprodução de cães e gatos. Tenho visto este hormônio mencionado em diversos estudos e relatórios.
Utilizamos o AMH para casos de síndrome do ovário remanescente, mas acredita-se também que seja um marcador valioso para avaliar fertilidade e até mesmo detectar potenciais doenças.
No entanto, com a introdução do AAV9-fcMISv2, seu potencial está sendo elevado a novos patamares.
Um Mecanismo Revolucionário
Ao induzir níveis elevados de proteína AMH na corrente sanguínea, esta técnica está abrindo portas para possibilidades nunca antes exploradas na contracepção felina.
E é aqui que a “mágica” acontece.
Diferentemente de alguns contraceptivos, este método não suprime completamente a atividade folicular nem elimina o comportamento reprodutivo… Isso significa que algumas fêmeas AINDA apresentarão comportamento de cio E aceitarão o acasalamento.
Reconheço que ainda não é a solução perfeita… mas há muito mais vantagens aqui!
O que ocorre é que esses níveis elevados de AMH impedem efetivamente a ovulação (portanto, não há gestação)… e os pesquisadores acreditam que existem benefícios adicionais importantes.
Ao prevenir a ovulação, evita-se a secreção de progesterona nas fêmeas – o que representa uma potencial proteção contra distúrbios relacionados à progesterona, como a piometra que mencionamos anteriormente.
E, ao mesmo tempo, mantêm-se os ovários e um certo nível de estrogênios – o que pode ajudar a prevenir alguns dos efeitos colaterais hormonais que observamos com a abordagem atual de castração.
É claro que ainda há muito a ser descoberto… mas acho isso fascinante… pois representa uma abordagem radicalmente diferente do que vimos até agora.
Imagine um mundo onde uma única dose não cirúrgica deste construto genético oferece anos de prevenção contra gravidez… sem quaisquer consequências negativas para a saúde.
É exatamente isso que a terapia gênica AAV9-fcMISv2 promete.
Seu potencial para transformar a contracepção em clínicas veterinárias, abrigos e programas de controle animal é imenso… Pode ser um verdadeiro divisor de águas.
Veremos o que o futuro nos reserva… mas estou otimista, pois as pesquisas estão avançando rapidamente e, como mencionei, os primeiros resultados são bastante promissores!
Sem dúvida: o futuro da contracepção felina está repleto de possibilidades!
Spaying & Neutering in kittens is a topic surrounded by myths, outdated practices, and concerns.
The great news?
There are new rules to follow that can help us make better decisions for the health and well-being of our feline friends!
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DR. EMMANUEL FONTAINE 